quarta-feira, 23 de maio de 2007

Ser uma laranja mecânica











Boa tarde amigos virtuais que muito me considera, estou aqui para neste meu mundo virtual expor mais ainda mais detalhes do meu processo de evolução. Ainda passo por problemas em casa, na faculdade, na família, mais me encontro seguro que eu não sou o perfeito, mais tento sempre anda conforme as leis do cosmo.

Eu que vivo em cima de teorias da melhor condição humana estou agora aos meus 30 anos vendo que nem tudo é o azul que queremos que seja, que os seres estão cada dia mais perdido neste planeta. Eu vejo issodentro de minah casa, vejo isso na rua, vejo isso e não me calo, não faço como pessoas rídiculas que para a sociedade vivem uma vida de mediocridade e ignorância.

Penso, porém existo e logo sei que eu poderia viver uma vida meio Alex, este personagem do filme laranja mecânica e acabar de vez com a hipocrisia dessa humanidade que se encontra no mundo hoje. Não quero aqui globalizar o mundo no todo, mais sim informar que a grande maioria é necessáriamente podre.

A faculdade ao qual tento me forma está repleta de seres humanos tão iguais e idiotas que me vejo no desejo de terminar logo este curso para continuar minha caminhada. Sou assim gente, um ser que não tem a ganância e a inverdade dentro de mim e vivo sim , meu mundo, mesmo sabendo que este não faz parte dos padrões sociais que hoje me encontro.

Seria legal ser um Alex no mundo e viver tirando onda de pessoas nesse patamar, hoje não tou querendo me expressar muito para não chocar demais, me encontro entalado com desabafos, sobre o qual não vem ao caso falar agora, entrego eles a supremo que emana energias para este planeta.

Hoje indico dois filmes antigos mais que muito representa o que sinto e o que estou passando:


1. O primeiro é laranja mecânica, no qual me faz ver o ser que eu poderia ser, mais optei por não querer, ainda vou demostrar ele em alguma situação,s egue ai um pouco e espero que vocês assitam e quem já viu , reveja para observar detalhes tão ricos dentro desta obra.



Um tratamento de choque condiciona os impulsos de um homem agressivo, fazendo-o mudar de comportamento. Esse é o ponto que mais nos interessa em A Clockwork Orange (Laranja Mecânica, Stanley Kubrick, 1971), um filme que retrata o comportamento “hipotético” de uma sociedade do século XXI. Nessa sociedade, as leis parecem não mais funcionar e o governo busca novas formas de reintegrar o homem mau à sociedade, tornando-o bom. Para tanto, utiliza-se de mecanismos técnicos e psicológicos na indução do comportamento de Alex (Malcolm McDowell), preso por estupro e assassinato. O “novo” indivíduo resultante desse condicionamento é como uma laranja mecânica: “something wich was capable of taste, colour, richness and sweetness like an orange (a person) could be turned into a robot or na automaton that obeyed purely mechanical or reflex driven laws.” Alex é um exemplo claro de um cyborg interpretativo. Não há necessariamente uma fusão entre máquina e carne, mas uma absorção da mídia pelo corpo e sua alienação, que no caso é superficial, já que o inconsciente de Alex permanece o mesmo de outrora, quando saía às ruas mascarado, acompanhado de seus “drugues” (bando de vândalos), assaltando, espancando, estuprando e matando pessoas. Essa subjetividade controlada é fruto da sociedade do espetáculo. Ao se dispor a servir como cobaia de um projeto que pretendia “curar” os fora-da-lei, devolvendo-os saudáveis à sociedade e esvaziando os presídios superlotados, Alex foi obrigado a assistir a diversas cenas de violência. Essas cenas retratavam todos os seus atos de crueldade. Preso por uma camisa de forças, fios foram ligados a seu corpo. Duas pinças mantinham seus olhos sempre abertos. Sob o efeito de substâncias químicas, Alex também assistiu a cenas do nazismo ao som da Nona Sinfonia de Beethoven. Alex começa a sentir náuseas. Como ouvir a música que tanto gostava acompanhada de imagens tão cruéis? É o paradoxo: o yin e o yang do personagem vêm à tona. E essa é mais uma das características da cyborgização, da hibridização preconizada por Donna Haraway no Manifest for Cyborgs. Haraway fala de um organismo de identidade cambaleante, metade máquina, metade humano, que rompe a fronteira entre o orgânico e o inorgânico, o físico e o não físico. Nessa simbiose, cai por terra também o dualismo sexual e o mito de um Pai criador (autonomização). Em Laranja Mecânica, a discussão não gira somente em torno desse ponto, mas de questões mais complexas, que partem das consequências do processo de cyborgização. Um religioso que acompanha Alex na prisão polemiza: “A questão é se essa técnica (o tratamento) realmente torna bom um homem. A bondade vem do íntimo. A bondade é uma escolha. Se o homem não pode escolher deixa de ser um homem.” Isso reflete a autonomização da técnica: o homem não tem muito escolha se aquela técnica promete salvar sua vida, como lembra Ellul. Mas na contemporaneidade, não podemos julgar fatalmente que o homem é “vítima da era moderna” como afirma o personagem de Laranja Mecânica que assiste ao estupro de sua mulher por Alex. O fim dessa sociedade do espetáculo (ou dessa perspectiva da sociedade do espetáculo) nos remete a novas potencialidades libertadoras para os cyborgs interpretativos das redes, ou como proponho chamar, os ‘netcyborgs’. Os ‘netcyborgs’ têm a possibilidade de esvaziar o controle dos media, que fizeram dessa sociedade do espetáculo uma realidade”. (A. Lemos) Agora, a comunicação não se dá de “um para todos”, mas de “todos para todos”. “Essa conectividade geral parece ser muito difícil de ser instrumentalizada por um poder centralizador e totalitário como no caso de Laranja Mecânica...” Com seu “corpo hipertexto”, os netcyborgs (um cyborg interpretativo) podem assumir diversas identidades na rede (MUDs, IRCs, Usenets, BBS, listas), constantemente atualizadas no ciberespaço. Como símbolo digital, o corpo é livre, ambíguo. Nessa nova sociabilidade (o neotribalismo de Maffesoli), “as diversas comunidades virtuais emergentes desse novo espaço eletrônico que é o ciberespaço, proporcionam emoções coletivas identificadoras, não com o indivíduo preso a uma identidade fechada, mas com “personas” de diversas máscaras”(A. Lemos) A “máscara” plástica e social utilizada por Alex quando sai de casa à noite, assumindo uma outra personalidade que não é a familiar, pode ser uma metáfora dessa sociabilidade. Mas Laranja Mecânica não faz referência direta a esse canal de “todos para todos”, característico “netcyborgização”. A via é mesmo unidirecional e centralizadora: de “um para todos”. O poder das imagens sobre Alex é tão grande que o faz reagir a ponto de chegar ao suicídio. A mídia novamente se apodera de sua imagem: o governo estaria usando métodos politicamente incorretos na libertação de prisioneiros. Pressionado por essa repercussão, o Ministro do Interior que patrocinou o tratamento de Alex oferece-lhe proteção. Enquanto é fotografado ao lado do Ministro, Alex imagina-se numa cena de sexo, assistida publicamente (pessoas aplaudem ao seu redor). O espetáculo midiático vira fantasia. “Estou realmente curado”, contenta-se Alex. Por Roberta Pinto



2. O segundo mostra que eu posso ser assim dentro do meu país e me é tão rico em informações e protestos que me faz ser feliz no que eu me considero e sou


um Edukators



“Os Educadores” (“Die fetten Jahre sind vorbei”, no alemão original) é um dos filmes amplamente aguardados nessa edição do Festival do Rio 2004. A ansiedade se justifica: com um roteiro bem amarrado, reflexivo e conseguindo ser inteligente quando é divertido, o filme distrai e propõe um debate ao mesmo tempo.
A cena inicial mostra bem a proposta: casal rico chega com os filhos em sua abastada mansão e encontra os móveis todos fora de lugar, com o som dentro da geladeira e os soldadinhos que decoram a sala no vaso sanitário. Junto, um bilhete: “Seus dias de riqueza estão contados. Assinado: Os Educadores”. A partir daí conhecemos os três protagonistas, Ian (Daniel Brühl, ator de “Adeus, Lênin” que tem inclusive outro filme no Festival do Rio, “Pra que Serve o Amor Só em Pensamento?") Peter (Stipe Erceg) e sua namorada, Jule (Julia Jentsch). Inicialmente apenas Ian e Peter, aproveitando uma lista de membros do Iate Clube e o conhecimento de um deles sobre sistemas de alarmes, invadem as casas para trocar as coisas de lugar e deixar os bilhetes, “somente para assustar”. Nada é roubado. Logo após, Jule se junta a Ian nas investidas. Quando são confrontados com a necessidade de um seqüestro, os personagens acabam discutindo entre si e com o rico seqüestrado situações de vida, de destino, mudanças de comportamento por causa de dinheiro e que fim levou a rebeldia de outrora no mundo capitalista no qual o planeta se tornou. Durante esses papos-cabeça, forma-se lentamente um triângulo amoroso e os protagonistas se aproximam cada vez mais. O sentimento surge quando as ações dos educadores passam a ser também gradativamente criminais.
Os atores desempenham seus papéis com uma naturalidade agradável e firmeza, dando cada um o desenvolvimento específico apropriado para seus conflitos, complementando habilmente o trabalho do outro. O filme é apenas o segundo trabalho do diretor, Hans Weingartner, (seu primeiro foi “The White Noise”). Weingartner aparece também como co-roteirista, junto com Katharina Held. O ator Daniel Brühl é tido como estrela em ascensão na Europa, visto o enorme destaque em seus trabalhos anteriores supracitados.
A pré-produção conta com histórias interessantes em si: o diretor, neurocirurgião formado de apenas 33 anos, teve que usar o dinheiro da hipoteca da casa dos pais (oferecido pelos mesmos) para ajudar a conseguir o já baixo orçamento do projeto. O resultado não poderia ter sido melhor: concorrendo esse ano no Festival de Cannes, (onde o diretor chamou seu trabalho carinhosamente de “filminho guerrilheiro”, pelo esforço para chegar com ele até onde chegou), “Os Educadores” foi o filme-surpresa do Festival, mobilizando a crítica e sendo ovacionado de pé durante dez minutos no dia da estréia oficial. Segundo o próprio diretor Hans Weingarter, uma de suas grandes influências foi exatamente Michael Moore, com quem dividiu o tapete vermelho do evento francês na competição desse ano; e onde Moore foi vitorioso com seu “Fahrenheit 11/9”.
Mas como o diretor veio da formação neurocirúrgica para o cinema? Ele explica: “Quando eu tinha 14 anos, meus pais tinham uma pequena câmera de vídeo. Eu e meus amigos fazíamos filmes malucos. Depois da escola, eu entrei para a faculdade de cinema em Viena, mas fiquei apenas seis meses, pois não gostei. Outras coisas pareciam ser muito mais interessantes. Pra que saber como fazer um filme se eu não sei sobre o que? Eu estava particularmente interessado em como a mente funcionava. Por isso comecei a estudar neurociência.”. Outro dado interessante sobre o filme “Os educadores” é o de que o personagem de Daniel Brühl (Ian) representa ninguém menos que o alter ego de Hans: “Quando eu tinha 20 anos, eu era um jovem zangado que queria a revolução mundial na hora. Mas eu não encontrei ninguém que se juntasse a mim. (...) Ian é meu alter ego, mas ele é muito mais bem-sucedido em canalizar sua energia revolucionária do que eu. Então, de certa maneira, eu sou um típico cineasta: você falha na sua vida real e tenta compensar isso através dos seus filmes. Mas Ian tem muito mais coragem que eu para certas coisas, como invadir a mansão dos outros, por exemplo. Eu acho que o único valor da sociedade mundial hoje é o econômico; os outros não existem mais. Temos que achar nossos próprios valores. A cultura do consumismo leva ao isolacionismo. Se você está só, tende a consumir mais e fica mais facilmente controlável. Por isso deveríamos nos apoiar mais em relacionamentos e amizades. Formando grupos que juntos podem desafiar o sistema. Essa é a minha mensagem favorita do filme. Mas também concordo que você não deve esquecer de ter humor. A vida é muito absurda e temos que rir sempre.”
Sobre a clara intimidade entre os atores, que gera a cumplicidade entre os personagens, o diretor comenta: “Foi a direção que dei à eles; eu quis eliminar o medo do set de filmagem. Queria que os atores sentissem que tudo estava valendo. E quando selecionei o elenco, preferi atores que têm clara facilidade com a improvisação; o que significa que eles não têm medo de se deixar levar pelo momento.”
O sucesso de “Os Educadores” foi tamanho que o diretor já recebeu convites para trabalhar nos Estados Unidos, mas ele ainda não sabe se irá aceitar. No futuro mais imediato, planeja repetir a dobradinha com o ator Daniel Brühl.
Vale a pena enfrentar as enormes filas dos grandes filmes no Festival do Rio para assistir aos “Educadores” em ação. De fato, você sai do cinema e apre(e)nde alguma coisa.





quinta-feira, 17 de maio de 2007

A idade dos 30...

Bem fica muito no ar essa idade dos 30, o mundo resolveu me ensinar tudo agora, resolvi crescer. Me sinto totalmente perdido entre o verdadeiro e a fantasia, cada dia me sinto muito mais Et num mundo que não me compete. Sou aprendiz sempre e feliz, mais muito questionador do meu cenário, do mundo que vivo e que não me pertence. Essa semana turbulenta mais muito normal, pois ultimamente estou tendo furacões em minha vida e ainda nem me encontro nos USA, mais isso não vem o caso de entrar em detalhes agora, estou aqui absorvendo cultura e mais cultura, informação e aprendizado. Tenho sede de informação, hoje quero minha vida pois, a pessoa que me ensinou a viver o mundo azul, está longe, mais me espera e sinto cada dia que estamos mais próximos de eu volta ao meu mundo.
Personagens estão aparecendo, outros sumindo, mais ela, minha grande educadora está lá a minha espera neste mundo.









É assim que me sinto, assim que tou vivendo, assim que este mundo que não é meu ta me forçando a ser. E não é nesse mundo que quero ficar, quero sim absorver informações dele e no meu mundo me torna mestre, por ter passado por este mundo que é de vcs.


Essa foto refere-se a um novo filme que esta sendo o momento Pernambucano de ser, e espero que vcs tenham a conciência de ver , como é mundo de vocês pela visão de ser deste mundo.

Aqui deixo como sempre uma pequena sinopse, mais antes digo:


UMA COBRA TENTOU COMER UM VAGALUME INOCENTE QUE SÓ CUMPRIA SUA MISSÃO E AI O INSETO PERUNTOU:
PORQUE QUERES ME COMER ?
A COBRA DISSE
PORQUE VC BRILHA
Então deixo aqui uma reflexão e pequena introdução do que é meu mundo, lá eu brilho, eu questiono, eu interrogo, lá eu tenho direto de saber informações, onde aqui neste mundo de vocês só estou cumprindo deveres.
Bjus











Baixio das Bestas, de Cláudio Assis (Brasil, 2006)

A "fenômeno-patologia" do pequeno poderHá uma dúvida suscitada por Amarelo Manga, estréia na direção de Cláudio Assis, que é parcialmente resolvida em Baixio das Bestas. Até onde os comportamentos dos personagens do primeiro filme, situados nas vizinhanças de uma mesma configuração social do Recife e condensados em um espaço geográfico nuclear (uma pensão), são produtos das condições do meio onde vivem? E por quais caminhos ali, se existe essa relação de causa e efeito, o ambiente formata o indivíduo?
A primeira resposta, ao nos instalarmos em Baixio das Bestas, é claramente afirmativa. Se algumas atitudes no longa de estréia poderiam soar patológicas, resultando em um desvio coletivo de psiques, agora a relação homem/ambiente é mais direta. Parcialmente, porém. Se em Amarelo Manga não há as razões, mas apenas os efeitos de um contexto visualizado na aparência dos espaços e na atitude dos personagens, a opção reflete o cinema brasileiro de hoje. Não tem interessado aos filmes voltados para as conseqüências da estrutura social detectar ou denunciar os mecanismos formadores da estrutura e de suas conseqüências. Importa somente como a “organização social” interfere na vida do indivíduo, abrindo mão do entendimento da comunidade em benefício da fenomenologia. Os problemas estão impregnados e naturalizados nos espaços. Parecem não surgir de lugar nenhum: são parte da vida. A aproximação com a desordem da sociedade se dá por alusão, pelo poder simbólico e sintetizador das ações, mas não por uma operação demonstrativa.
Baixio das Bestas segue, parcialmente (insisto), um outro caminho. Em seu prólogo em preto e branco, com imagens de torres de usinas desativadas e uma narração sobre o fim de um ciclo histórico, há a disposição de partir da causa. Uma determinada mudança na economia local está conectada com as experiências dos personagens. Não apenas nessa introdução, mas em alguns diálogos, o filme nos induzirá a essa relação. Embora isso o torne mais explicativo se comparado a Amarelo Manga, a opção está muito distante do risco de uma sociologia amadora e tatibitati. Pelo contrário. Se essa operação na introdução e nos diálogos nos induz a estabelecer a relação entre personagens, ambiente e situação econômica, não haverá nenhuma demonstração dessa relação na dramaturgia e, mais uma vez como em Amarelo Manga, será por meio do sexo e da violência que a estrutura social irá manifestar a sua linguagem: a da degradação da carne, menos pela prostituição tradicional, mais pela agressividade com que, na relação com putas ou virgens, os homens agem com os corpos femininos.
Mas como a mudança da economia local produz essa aberração? Não importa, na imagem e na dramaturgia, para Cláudio Assis. Importa que, ao usar aquela introdução e centrar o foco no atentado ao corpo, a relação se dá. Por indução, não demonstração. Feita essa associação de cara, o filme se lança, agora sim de forma menos fenomenológica, a um diagnóstico de sintomas. Cada personagem ali expressa em alguma medida aquele ambiente. Pode ser o velho ao mesmo tempo explorador do corpo de uma ninfeta e protetor de sua virgindade, a inocência brutalizada dessa garota e das prostitutas empregadas em sessões de tortura pela turma de dois rapazes de classe média, que são capazes de fazer qualquer coisa apenas porque sentem-se no direito de fazer qualquer coisa. A soma dessas situações e desses personagens compõe um painel local, caracterizado pelo uso da força e do poder contra o corpo, como faziam os coronéis, latifundiários e senhores de engenho com seus escravos. Em suma, como se via em Amarelo Manga, impera o imobilismo.
Isso não significa que, ao final, portas não se abram. O velho é atropelado em casa pelo ritual fora de época do maracatu, a menina livra-se dele, o cinema onde os rapazes de classe média faziam de tudo é fechado e o plano final termina com uma chuva purificadora. Se durante a narrativa são recorrentes os diálogos sobre uma fossa em construção, que ganha um sentido metafórico sobre a podridão daquele espaço ou ao menos de alguns personagens, essas conclusões para os três núcleos narrativos podem parecer libertadoras. No entanto, como não bastava para Dira Paes pintar o cabelo no fim de Amarelo Manga, de modo a se libertar de certa condição feminina, Baixio tem “fim em falso” (e não um fim falso). Em Amarelo Manga, as imagens de rostos das pessoas na rua desmentiam a potência transformadora do sorriso de Dira, como se, na mudança de cor de cabelo, houvesse uma falsa saída, provisória e enganadora, que não teria como frutificar em um ambiente de imobilismo. Esse mesmo gesto libertário de fachada, em outro sentido, veremos no sorriso de Auxiliadora (Mariah Teixeira), a adolescente, quando termina o filme em um bordel. Ela talvez esteja momentaneamente melhor, por ter se livrado do velho (Everaldo Pontes), mas talvez logo seja usada em sessões de tortura.
Há mais ambuiguidades e paradoxos nesses dois longas de Cláudio Assis, sobretudo em Baixio das Bestas, que suas imagens aparentemente pensadas para chocar e testar limites podem nos evidenciar. Em uma das primeiras seqüências, essa ambiguidade dá as cartas: o plano começa com a câmera no corpo da adolescente seminua, com uma luz “artística” a iluminá-la na penumbra. Vemos um recuo da lente até enquadrar o personagem de Caio Blat, Cícero, com uma expressão de repúdio em relação à atitude do velho, mas de desejo pela menina. O plano termina, sem corte desde o início, em uma cruz. Há nessa inserção no espaço uma série de signos que, se não necessariamente são decodificáveis de maneira tão direta, produzem uma atmosfera doentia, com uma naturalização entre os personagens, mas não pelo filme, de situações ameaçadoras de qualquer noção de limite e regulação.
Não está falando apenas por si, mas também por Baixio das Bestas, quando Everardo (Matheus Nachtergaele), olhando para a câmera em um cinema abandonado, diz que, no cinema, em última instância, pode-se fazer tudo sem limites. Fala por ele porque esse personagem, aparentemente, leu Nietzsche e Dostievski saltando as páginas. Acha-se superior a todos, tem desprezo pela humanidade e, conseqüentemente, exerce com sadismo sua superioridade. Não há lei para ele. É um perverso. Talvez haja relações possíveis entre essa figura ficional e outras contemporâneas dela em O Cheiro do Ralo e Cama de Gato, dois outros filmes nos quais a perversidade dos protagonistas também está vinculada ao poder deles sobre suas vítimas, criando uma espécie de universo sobre a patologia do poder e sua conseqüente banalização da vida, que não tem a ver com o mal radical (nascido de ideologia) e a banalização do mal (nascido da institucionalização), como analisados por Hanna Arendt, mas com a reciclagem de conceitos do século XIX sobre os limites da ação humana.
Mas Everardo, além de falar por ele, fala pelo filme. Não haveria uma mesma perversidade na permissividade de Cláudio Assis ao colocar em imagens essa sua aparente denúncia? Nenhuma resposta aqui pode ser definitiva ou conclusiva. Tomemos os aspectos mais complicados de Baixio das Bestas. Um é o esforço quase exibicionista com que o diretor transforma seus espaços e as experiências em massa de modelar. Está explícito o afastamento do realismo e a procura por uma noção de tableau em movimento – não muito distante das operações de mise-en-scène de um Jia Zhang Ke. O contraste entre luz e sombras se faz notar, a elaboração da cena pela câmera em lentos avanços e recuos evidenciam a construção cinematográfica, a seletividade na escolha dos lugares onde se coloca a câmera é “notável”. Não seriam essas estetizações, sem caráter pejorativo no uso do termo, atenuadoras da degradação? Não estariam procurando beleza onde querem expor a sujeira e a feiúra? Por que dessa opção? O que interessa, afinal, em Baixio das Bestas, são as experiências? Ou a maneira de olhar para elas?
Dependendo de quem estiver a responder essas questões, teremos diferentes respostas e argumentos, assim como a revelação de diferentes visões de cinema, diferentes critérios de se valorizar ou reprovar procedimentos. Ao assumir o formalismo da imagem e da mise-en-scène, Cláudio Assis produz, sim, um distanciamento em relação ao material e, também, um rompimento com os códigos da representação justa da realidade. Sua justa representação daquele universo é a justa representação de Cláudio Assis. Um mundo de Cláudio Assis. Ele é tanto mais autêntico como “olhar” quanto mais for de Cláudio Assis, com toda sua tendência para aliar repugnância à beleza, para extrair sua noção do artístico no pior de um ser humano em determinado espaço.
Cheguemos, para concluir, às mulheres. Um número razoável de espectadoras tem reclamado, desde o Festival de Brasília, de uma suposta misoginia de Baixio das Bestas. Não seria o contrário? A misoginia é a repulsa masculina à imagem e ao contato físico com as mulheres. Os homens do filme e o próprio filme poderiam ser perversos, por não terem limites na relação com as mulheres, mas em nada se aproximam de uma postura misógina. Se os personagens principais manifestam, por sua vez, desprezo violento por figuras femininas, não se pode confundi-los com o próprio filme. Até porque as mulheres, em Baixio das Bestas, são tratadas como vítimas, sempre agredidas pelos signos masculinos de poder da região.
No entanto, além de terem o corpo violentado pelos homens, como quase um dado cultural da Zona da Mata, elas são, para o filme e aos olhos dos espectadores, corpos em exposição. A câmera é atenta a nudez das atrizes, faz questão de nos dar a ver a beleza desses corpos, como se quisesse transformá-los em mercadoria para nosso prazer visual, mas, na construção narrativa, essa valorização da beleza das formas físicas, na verdade, potencializam a degradação dessa mesma beleza quando submetida à opressão masculina. Sem falar que, na cena em que Auxiliadora, no riacho, banha-se sem pressa, a beleza resiste à opressão, mesmo se apenas por um instante.

























ESSE É O MUNDO DE VCS............................................................. !!!!!!!!!!!!!!!!!$$$$$%&!@@@@@@@

quinta-feira, 10 de maio de 2007

Eu ainda melhoro... tenho fé nisso


Bem...


como tinha prometido a vocês que não deixaria de postar nesse mundo virtual, ando faltamndo com respeito aos devidos leitores que aqui entram para prestigiar com meus escritos, mais meu mundo não ta nada legal por enquanto, ainda continuo desempregado, sem apoio familiar (que por sinal é de muita importância para o crescimento de um ser), sem amor e muita coisa para produzir, meu mundo esta meio que estacionado ou seria pensativo, ando sem emoção e sem coragem para buscar o novo, tenho que melhorar e vou.

Hoje tou aqui na faculdade, que por sinal esta sendo o único lugar que ainda me faz feliz e vou deixar mais um filme aqui que falar de perdedores e vencedores no mundo atual. Não que este seja um filme de alta ajuda, mais que ensina muito coisa que o ser humano tem em suas vidas e caminhos que você pode seguir sem entrar na depressão profunda por qual eu próprio estou passando. Este filme é lindo e merecia todoas as premiações possíveis, bem, mais nem tudo são trevas, fui convidado em primeira mão para vocês a compor a mesa de debate de um evento que a Petrobrás vai realizar aqui na faculdade com o filme o céu de Suely, que por sinal já coloquei materia na postagem anterior e espero que meu desempenho saia perfeitamente bem, não quero ser nem melhor, nem pior, só paenas diferente e nesse dia vou expor toda minha experiência no debate que vamos fazer. Bem e ainda tem uma peça que estou dirigindo na faculdade para a prova de filosofia, como as pessoas são medrosas e desorganizadas, não sei se vai acontecer, pois estou trabalhando todas as minhas energias para que o positivo aconteça.

Agora está aqui um pouco sobre este filme que para mim esta sendo um dos marcos do cinema.


PEQUENA MISS SUNSHINE



O sucesso de Pequena Miss Sunshine no Festival Sundance, em janeiro de 2006, lhe rendeu um contrato de US$ 10 milhões com a Fox Searchlight. Não demorou a ser apontado como a provável comédia-sensação de 2006. No entanto, se o êxito no evento americano leva o filme ao posto de cânone momentâneo do cinema independente (ou indie), também o relativiza. As situações e os personagens desse segmento da produção dos Estados Unidos, tocado às margens dos grandes estúdios, têm-se repetido significativamente desde a consagração de sexo, mentiras e videotape (1989), de Steven Soderbergh, quando a figura do “caso para divã” tornou-se ícone da contemporaneidade. Esses seres produzidos por seu tempo e por seu ambiente (centros urbanos motivadores de uma solidão degradante ou subúrbios e pequenas cidades inspiradores de exotismos), se somados aos do universo de David Lynch e dos irmãos Coen, escancaram a imagem dos frutos estragados da América.
Em linhas gerais, portanto, o cinema indie, desde o fim dos anos 80, é um catálogo de patologias. Os personagens são mostrados como deslocados, invariavelmente patéticos, traumatizados por seu entorno, com traços gritantes de suas ”anormalidades”. Poderiam ser sintomas de uma sociedade em crise, mas, pelo modo como são filmados, tornam-se supostos diagnósticos críticos e evidenciam a disposição em afirmar uma superioridade dos cineastas — e também dos espectadores — em relação ao que há de aberração nos tipos ficcionais.
MALUCOS INOFENSIVOSCom uma carreira construída no videoclipe, o casal Valerie Faris e Jonathan Dayton insere Pequena Miss Sunshine nesse universo de “anormalidades”, não sem disfarçar um ar de cópia em relação a outros diretores com a aura de indie (Todd Solondz, Paul Thomas Anderson, Wes Anderson). O longa narra a viagem de uma família de classe média, cujos membros são mostrados como malucos inofensivos. Há o pai com o discurso do “vencedor” na ponta da língua, o adolescente mergulhado em voto de silêncio, o avô consumidor de drogas, o tio gay malsucedido no suicídio e a garotinha com fixação em ser miss. Pois é para um concurso de miss mirim na Califórnia que todos vão, numa Kombi. Como é tradição nos road movies, o grupo passará por transformações ao longo do percurso, superando barreiras psicológicas, atualizando elos afetivos gastos e aceitando a imperfeição da vida.
O olhar do casal de cineastas mira para dois lados. Ora ri dos personagens ao submetê-los ao ridículo, ora se alia às esquisitices deles, vendo-as como libertárias. Porém, teme a emoção. A aproximação com a intimidade afetiva logo é rompida pela inserção do nonsense e da piadinha sobre a dor daqueles personagens. Não deixa de ser um filme-reflexo de uma geração da produção americana recente.
O que já se disse:
“Com ótimas piadas e atuações, é uma ode aos fracassados em uma terra que só valoriza os vencedores.” (Ricardo Calil na revista
VIP, outubro/06)